A elaboração de um relatório psicológico é uma tarefa essencial para psicólogos em diversas áreas de atuação, seja no contexto clínico, escolar, organizacional ou forense.
Um relatório bem estruturado e completo não apenas auxilia no diagnóstico e no tratamento dos pacientes, mas também garante a qualidade e a credibilidade do trabalho do psicólogo. Para isso, é fundamental que o documento contenha certas informações indispensáveis.
Diferente do artigo anterior que ressaltou exemplos de como garantir a objetividade em relatórios psicológicos, neste artigo, abordaremos as 10 informações que não podem faltar em um relatório psicológico, garantindo que ele seja útil, claro e objetivo.
1. Identificação do Paciente

Importância
A identificação do paciente é a primeira informação que deve constar no relatório psicológico. Ela permite que o documento seja associado corretamente ao indivíduo avaliado, evitando confusões e erros administrativos.
O que incluir
- Nome completo
- Data de nascimento
- Sexo
- Endereço
- Contato (telefone e/ou e-mail)
- Dados do responsável (se aplicável, no caso de menores de idade)
- Número de registro (prontuário, se houver)
Exemplo
“Nome: João Silva Data de Nascimento: 15/05/1990 Sexo: Masculino Endereço: Rua das Flores, 123, São Paulo, SP Telefone: (11) 98765-4321 E-mail: nome.sobrenome@gmail.com“
2. Queixa Principal e Histórico Clínico
Importância
A queixa principal e o histórico clínico fornecem o contexto necessário para entender o motivo da avaliação psicológica e a trajetória de saúde do paciente. Esses dados são cruciais para orientar o processo de diagnóstico e intervenção.
O que incluir
- Motivo da consulta
- Sintomas relatados
- Início dos sintomas
- História de tratamentos anteriores (psicológicos, psiquiátricos e médicos)
- Medicamentos em uso
- Eventos significativos na vida do paciente (traumas, perdas, mudanças)
Exemplo
“Queixa Principal: João relata sentir-se constantemente ansioso e com dificuldade para dormir há cerca de seis meses. Histórico Clínico: João já realizou tratamento psicológico há dois anos devido a um episódio depressivo. Atualmente, faz uso de sertralina (50mg/dia) prescrita por seu psiquiatra. Relata um histórico familiar de transtornos de ansiedade.”
3. Avaliação Psicológica
Importância
A avaliação psicológica é o coração do relatório. Ela deve ser detalhada e incluir todas as técnicas e instrumentos utilizados durante o processo de avaliação. Essa seção fundamenta as conclusões e recomendações do psicólogo.
O que incluir
- Métodos e instrumentos de avaliação utilizados (testes psicológicos, entrevistas, observações)
- Descrição das sessões de avaliação
- Resultados quantitativos e qualitativos dos testes aplicados
Exemplo
“Métodos Utilizados: Foram aplicados o Inventário Beck de Ansiedade (BAI) e a Escala de Hamilton para Depressão (HAM-D), além de entrevista clínica semiestruturada. Resultados: No BAI, João obteve um escore de 28, indicando um nível moderado de ansiedade. Na HAM-D, seu escore foi de 15, sugerindo sintomas depressivos moderados.”
4. Análise e Interpretação dos Resultados

Importância
A análise e interpretação dos resultados são essenciais para transformar os dados brutos da avaliação em informações úteis para o diagnóstico e a intervenção. Essa seção deve ser clara e objetiva, evitando interpretações subjetivas.
O que incluir
- Interpretação dos resultados dos testes
- Relação entre os sintomas e os resultados obtidos
- Hipóteses diagnósticas baseadas nos dados
Exemplo
“Análise dos Resultados: Os escores elevados de ansiedade e depressão obtidos nos testes corroboram os sintomas relatados por João. A combinação de sintomas ansiosos e depressivos sugere um possível transtorno misto de ansiedade e depressão, que será melhor investigado em sessões subsequentes.”
5. Diagnóstico
Importância
O diagnóstico é uma das partes mais importantes do relatório, pois orienta todo o planejamento terapêutico. Deve ser fundamentado em critérios diagnósticos reconhecidos, como o DSM-5 ou a CID-10.
O que incluir
- Diagnóstico principal
- Diagnósticos diferenciais
- Base teórica para o diagnóstico (referência ao DSM-5, CID-10 ou outra classificação)
Exemplo
“Diagnóstico: Transtorno de Ansiedade Generalizada (F41.1, CID-10). A presença de ansiedade excessiva e incontrolável na maioria dos dias, por pelo menos seis meses, confirma o diagnóstico. Diagnósticos diferenciais incluem transtorno depressivo maior e transtorno de pânico, que serão monitorados.”
6. Plano de Tratamento

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Importância
O plano de tratamento é fundamental para direcionar a intervenção psicológica e acompanhar a evolução do paciente. Deve ser baseado nas necessidades específicas do paciente e nas melhores práticas da psicologia.
O que incluir
- Objetivos terapêuticos
- Intervenções planejadas (terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia dinâmica, etc.)
- Frequência e duração das sessões
- Avaliação contínua e critérios de sucesso
Exemplo
“Plano de Tratamento: Serão realizadas sessões semanais de terapia cognitivo-comportamental (TCC) com foco na redução dos sintomas de ansiedade e na reestruturação cognitiva. A duração inicial prevista é de 12 semanas, com reavaliações mensais.”
7. Recomendações
Importância
As recomendações fornecem orientações adicionais para o paciente e, se aplicável, para outros profissionais envolvidos no tratamento. Elas são essenciais para a continuidade do cuidado e para garantir que o paciente receba apoio adequado.
O que incluir
- Recomendações para o paciente (mudanças de estilo de vida, atividades complementares)
- Recomendações para outros profissionais (encaminhamento para psiquiatra, médicos, terapeutas ocupacionais)
- Orientações específicas (exames complementares, avaliação de comorbidades)
Exemplo
“Recomendações: João deve continuar o acompanhamento psiquiátrico para ajuste da medicação, se necessário. Recomenda-se a prática regular de exercícios físicos e técnicas de relaxamento, como mindfulness. Um acompanhamento nutricional pode ser benéfico para melhorar a qualidade do sono.”
8. Conclusão

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Importância
A conclusão deve resumir os pontos principais do relatório, reforçando o diagnóstico e o plano de tratamento. É uma síntese que facilita a compreensão geral do documento.
O que incluir
- Resumo do diagnóstico
- Síntese dos objetivos terapêuticos
- Palavras finais sobre o prognóstico e o plano de acompanhamento
Exemplo
“Conclusão: João apresenta um quadro de Transtorno de Ansiedade Generalizada, com sintomas significativos de ansiedade e depressão. O tratamento proposto inclui sessões de TCC e acompanhamento psiquiátrico. Com o suporte adequado, espera-se uma melhoria significativa nos sintomas ao longo dos próximos meses.”
9. Informações Adicionais
Importância
Informações adicionais podem incluir quaisquer dados relevantes que não se encaixam nas outras seções, mas que são importantes para a compreensão completa do caso. Isso pode incluir aspectos legais, éticos ou contextuais.
O que incluir
- Considerações éticas (consentimento informado, confidencialidade)
- Aspectos legais (mandados judiciais, casos forenses)
- Informações contextuais (culturais, sociais, familiares)
Exemplo
“Informações Adicionais: O consentimento informado foi obtido antes da avaliação, assegurando que João está ciente dos objetivos e procedimentos envolvidos. Todas as informações serão mantidas confidenciais, conforme os princípios éticos da psicologia.”
10. Assinatura e Data
Importância
A assinatura do psicólogo e a data do relatório são essenciais para validar o documento. Elas garantem a autenticidade e a responsabilidade do profissional pelo conteúdo apresentado.
O que incluir
- Nome completo do psicólogo
- Registro profissional (CRP)
- Assinatura
- Data de emissão do relatório
Exemplo
“Nome: Dr. Paulo Santos Registro CRP: 06/12345 Assinatura: [Assinatura] Data: 15 de outubro de 2024”
Considerações Finais
Elaborar um relatório psicológico completo e coerente requer atenção aos detalhes e um compromisso com a precisão e a ética.
As 10 informações descritas neste artigo são essenciais para garantir que o relatório seja uma ferramenta eficaz no diagnóstico, tratamento e acompanhamento do paciente. Além disso, a inclusão dessas informações assegura a credibilidade do documento e a qualidade do trabalho do psicólogo.
Ao seguir essas diretrizes, os profissionais da psicologia podem criar relatórios que não apenas atendam aos padrões técnicos e científicos da área, mas também promovam um cuidado integral e humanizado.
Lembre-se de que a clareza, a precisão e a objetividade são pilares fundamentais na elaboração de qualquer relatório psicológico. Portanto, invista tempo e dedicação na construção desses documentos, pois eles são uma parte vital do processo terapêutico e da prática profissional.
Ao finalizar este guia, esperamos que você se sinta mais preparado para elaborar relatórios psicológicos de alta qualidade, que realmente façam a diferença na vida dos pacientes e na prática clínica.